Uma questão de Matemática da prova deste domingo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) provocou controvérsia entre professores da disciplina. A pergunta de número 157, da versão Rosa da prova, trouxe um enunciado que conduzia a uma interpretação que não dava nenhuma resposta correta.
Nesse caso, a resposta correta seria 600, que não consta de nenhuma das alternativas disponibilizadas no caderno de questões. O jeito de chegar a resposta que os professores entendem que estará no gabarito do Enem, a letra “E” – 972, seria levar em conta que as áreas próximas não poderiam repetir cores, mas desconsiderar da conta a inclusão obrigatória de todas.
“Seguindo à risca o que está escrito no enunciado, eu precisaria usar as quatro cores. Nesse caso, o exercício fica bem mais difícil de resolver e não tem resposta nas alternativas”, explica o professor. O supervisor de Matemática do Anglo contou a VEJA que o curso consultou os responsáveis pela área de Português e a avaliação foi unânime: o enunciado do Enem conduzia à interpretação incorreta.
Mesmo assim, observam, não é habitual do exame federal a anulação de questões – e, portanto, muito provavelmente ela será mantida apesar desse aspecto da formulação. O professor Robby Cardoso considera que o prejudicado será o bom aluno: “A grande maioria dos alunos não deve ter problema. Quem vai ficar incomodado é o bom aluno, o estudante criterioso que percebeu esse detalhe”.
No geral, os professores do Anglo Vestibulares consideraram que o Enem “subiu de nível”. De caráter mais técnico, a prova deste domingo favoreceu quem estava mais bem preparado, com questões que cobravam conteúdo para além da interpretação.
Os docentes atribuem a mudança a um aspecto prático do exame: a prova não serve mais para os estudantes que pretendem obter o diploma do Ensino Médio. Assim, concentrado principalmente em selecionar universitários para as instituições federais, o Enem “sobe a régua” da cobrança de conteúdo.