Rich Terrile poderia ser apenas mais um maluco com uma teoria a respeito do universo em que vivemos. Se esse fosse o caso, ele viraria notícia em sites de humor ou curiosidades, mas nada além. O problema é que o sujeito é diretor do Centro de Computação Evolucionária e Design Automativo no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA. Ou seja, ele pode saber do que está falando.
Qual é a teoria? Segundo Rich, vivemos em uma simulação controlada por uma espécie de “programador”, em uma espécie de Matrix. Porém, nada de agentes ou Neo: o responsável pelo controle seria do futuro. A explicação é que a Lei de Moore, que cita a evolução no processamento de máquinas (ele dobra a cada dois anos) permite que isso seja teoricamente possível em algum momento.
O tal simulador seria capaz de criar a nossa realidade e simular o curso da humanidade por vários motivos, desde pura diversão até recriar momentos da História. O poder é tanto que ele seria capaz de controlar todas as bilhões de pessoas que vivem no mundo e fazer com que todas sintam, ajam e nunca desconfiem que estão sob controle. Por mais maluco que isso pareça, filósofos e outros cientistas, como Nick Bostrom, chefe do Oxford University Future of Humanity Institute, começaram a encarar esse conceito como algo possível.
Pegando a pílula azul
Em entrevista ao site VICE, Terrile afirma que nossa consciência é algo “mágico” e bem arquitetado demais para não ser fruto de uma simulação por computador. Segundo ele, a consciência pode ser passada para uma máquina em até trinta anos utilizando engenharia reversa em nosso cérebro ou evoluindo os circuitos a ponto de chegarem em nossa velocidade de sinapses.
“O mundo natural se comporta exatamente da mesma forma que o ambiente de Grand Theft Auto IV”, viaja o cientista, afirmando que já estamos avançados em termos de simulação no sentido de fazer com que enxerguemos somente “o que precisamos ver quando precisamos ver”. Ele ainda acredita em uma partícula fundamental e indivisível que é capaz tanto de gerar o universo de verdade quanto o simulado, criando um paralelo matemático que possibilita uma Matrix equivalente e realista.
“Eu encontro grande inspiração nisso [a teoria] e vou contar o porquê: ela me diz que estamos à beira de construir um universo simulado e que ele pode se tornar algo vivo dentro de uma simulação. (…) E nossas simulações podem criar simulações. O que acho intrigante é que, se existe um criador para nosso mundo no futuro e ele será nós, isso também significa que há um criador para o nosso mundo e ele também é composto por nós. Isso significa que somos tanto Deus quanto servos de Deus e que fizemos tudo. O que acho inspirador é que, mesmo em uma simulação com muitas ordens de magnitude até níveis de simulação, algo no caminho escapou da “sopa primordial” para virar a gente e isso resultou nas simulações que nos fizeram. E acho que isso é muito legal”, conclui.